No total, foram 339 óbitos registrados entre 1º de janeiro e 30 de setembro de 2022; em média, uma morte foi registrada a cada 19 horas
Mais de 300 pessoas morreram neste ano na fila da regulação enquanto esperavam por uma vaga na rede estadual de saúde pública, somente na região de Feira de Santana. Desde o início de 2022, foram 339 óbitos registrados entre 1º de janeiro e 30 de setembro, o que representa uma média de uma morte a cada 19 horas.
Os casos são investigados pelo Ministério Público estadual (MP-BA), que solicitou da Secretaria Municipal de Feira de Santana, em agosto passado, a série histórica dos últimos seis meses com os pedidos de regulação para hospitais do Governo da Bahia oriundos das unidades do município. Um documento com todas as 339 solicitações de vagas em leito hospitalar foi enviado pela secretaria ao MP-BA.
Em média, as pessoas que morreram esperaram por cinco dias na fila de regulação, sem obter uma vaga na rede estadual. Há casos de óbitos em que a demora por um leito hospitalar chegou a quase um mês. Em outros, os óbitos ocorreram no mesmo dia da entrada do paciente no sistema. Os pacientes sofriam desde problemas respiratórios, como pneumonia, até quadros de risco imediato, como AVC, infarto e parada cardiorespiratória.
A situação ocorrida na região de Feira expõe o problema da fila da regulação, presente também em outras localidades da Bahia. Em diversos municípios do estado, se espalham queixas e relatos de pessoas que aguardam dias e até semanas por um leito hospitalar, além de casos de pacientes que não resistem à espera e morrem em unidades básicas de atendimento, que não têm estrutura para cuidar de casos graves.
Em Sapeaçu, no Recôncavo baiano, por exemplo, dois casos chamaram a atenção recentemente. No último dia 5, uma adolescente morreu no hospital municipal aguardando uma vaga na rede estadual, que é administrada pelo Governo da Bahia. No mesmo local, uma idosa faleceu após 15 dias de espera por um leito, de acordo com a prefeitura.
Outro caso que ganhou visibilidade ocorreu em Piatã, na Chapada Diamantina, onde um homem de 55 anos morreu após oito dias de espera na fila da regulação. Ele sofreu um infarto agudo do miocárdio e precisava de atendimento hospitalar.
Casos em Feira
Dentre os 339 casos registrados em Feira de Santana, a maior espera foi de uma pessoa com diagnóstico de insuficiência respiratória, que ficou 25 dias aguardando um leito num hospital do governo do estado em uma UPA de Feira de Santana. O segundo caso mais demorado foi de um paciente diagnosticado com desidratação que ficou 23 dias aguardando na fila da regulação.
No documento enviado ao Ministério Público, constam também alguns prontuários de atendimento dos pacientes que mostram os pedidos de regulação e a negativa do estado por falta de vaga hospitalar. Em um destes casos, um paciente deu entrada em uma policlínica de Feira no dia 7 de abril e aguardou uma vaga até o dia 16, quando não resistiu e faleceu.
Em outra situação, uma pessoa que sofria de doença renal e fazia diálise deu entrada em outra policlínica. No prontuário consta que o caso havia se agravado, o que exigia um internamento em UTI. Após oito dias de espera, o paciente faleceu.
Em março, a morte de uma idosa de 82 anos ganhou repercussão no estado, inclusive com cobertura da imprensa. Ela sofreu um infarto e morreu após aguardar três dias por uma vaga numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
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